O dia da poesia é comemorado, pelo menos aqui por estas bandas, no dia 14 de março. Aproveito essas datas para me aproximar do assunto que está em pauta.
Sendo, desta vez, a poesia, iniciei um exercício de procurar lembrar de poemas, versos, etc., de acordo com meu humor, minhas inquietações, e, por que não, satisfações.
Dia 14 passou mas continuo me exercitando. Também convidei amigos para que o fizessem.
Não posso deixar de lembrar do sarau poético-musical “Vinícius, o poeta amador”, que criei para meu querido grupo vocal Poucas & Boas, e que apresentamos por aí, seja em parceria com a prefeitura, em ongs, parques, etc.
O mote do espetáculo eram; a importância da leitura compartilhada, o ler e o escutar. Como é generoso esse gesto de ler para o outro. Também generoso é dar toda a nossa atenção a quem está ali, exposto, lendo algo tão significativo.
O outro mote do espetáculo era, ou é; a função da poesia em nossas vidas. Talvez seja uma pergunta com tantas e mutáveis respostas que não caiba uma conclusão.
Mas fica o convite a esse exercício maravilhoso que é, através da poesia, traduzir o que vem por dentro da gente!
Hoje vou postar
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
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“Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve…”
Cecília Meireles
Correspondances
Charles BAUDELAIRE (1821-1867)
La Nature est un temple où de vivants piliers
Laissent parfois sortir de confuses paroles ;
L’homme y passe à travers des forêts de symboles
Qui l’observent avec des regards familiers.
Comme de longs échos qui de loin se confondent
Dans une ténébreuse et profonde unité,
Vaste comme la nuit et comme la clarté,
Les parfums, les couleurs et les sons se répondent.
Il est des parfums frais comme des chairs d’enfants,
Doux comme les hautbois, verts comme les prairies,
– Et d’autres, corrompus, riches et triomphants,
Ayant l’expansion des choses infinies,
Comme l’ambre, le musc, le benjoin et l’encens,
Qui chantent les transports de l’esprit et des sens.
Correspondências
A natureza ê um templo onde vivos pilares
às vezes deixam escapar palavras confusas;
O homem passa através de florestas de símbolos
Que o observam com olhar familiar
Como longos ecos que se confundem ao longe
Em uma profunda e tenebrosa unidade,
Vasta como a noite e como a claridade,
Os perfumes, as cores e os sons se respondem.
Há perfumes frescos como carnes de crianças
Doces como os oboés, verdes como os prados,
– E outros, corrompidos, ricos e triunfantes,
Tendo a expansão das coisas infinitas,
Como o âmbar, o almíscar, o benjoim e o incenso,
Que cantam os transportes do espírito e dos sentidos.
Que beleza, Cris. De quem é a tradução, hein?
que delicadeza! é mesmo Cecilia Meirelles!