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julho 2014

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Espetáculo “A Época de Ouro da MPB no Rádio – uma visão feminina. Mais algumas palavras…

27 de julho de 2014

A Época de Ouro da MPB no Rádio – uma visão feminina

Por Toque de Bambas

Roteiro:

A Época de Ouro da MPB no Rádio aconteceu no Rio de Janeiro, então capital federal, nas décadas de 30 a 50. Isso ocorreu pela feliz coincidência de talentosos compositores que viveram e produziram muito nesta época.

 

É preciso lembrar que o Rádio era o principal veículo de transmissão e divulgação de informações da época; fatos, notícias.

Tudo acontecia no Radio e através dele. Em todos os lares havia um radio ligado. As músicas eram lançadas nos seus programas. Artistas ficavam conhecidos da mesma maneira. A carreira destes se confundia com a história do Rádio que empregava muitos profissionais das mais variadas formações.

E foi assim até o advento da TV, em 1950, que o substituiu em importância.

 

Nossa historia começa com a estreia de C.M. no Rádio cantando a marchinha “Taí, Pra você gostar de mim”.

Sucesso instantâneo, inaugurou nos Carnavais a marchinha que se tornou a principal manifestação musical desta festa. Isto durou 30 anos!

Sempre o Radio lançando a marchinha que seria sucesso no Carnaval seguinte. Sugestão de escuta: Carmen Miranda cantando Taí.  

Carmen inventou um novo jeito de cantar, de interpretar as canções, de se comportar. Imprimia a linguagem das ruas em sua interpretação. Lançava moda com seus vestidos e chapéus que ela mesma confeccionava.

 

Programas de auditório, de notícias, de entretenimento, radionovelas compunham a programação das rádios, além dos reclames, é claro, que mantinham o Rádio no ar.

 

Dorival Caymmi, Ary Barroso, Noel Rosa, Assis Valente, Sá Roriz, Almirante, Braguinha, Lamartine foram os grandes compositores desta época.

 

Carmen lançou muitos deles. O que ela cantava virava sucesso. Com o surgimento da mulher artista de rádio e sua relevância, os compositores passaram a escrever para elas. O eu-lírico dos sambas era feminino. E, ainda que os compositores fossem homens, as questões, o olhar sobre a vida era feminino.

 

Esses grandes compositores foram grandes cronistas do Rio de Janeiro, então capital federal. Escreviam suas composições a partir das notícias e fatos mais relevantes que ocorriam na sociedade carioca.

 

Os costumes também eram observados e destacados nas músicas.

 

Resistência familiar: Angela Maria, Elizete Cardoso, Elza Soares.

A moça de família não poderia trabalhar, ganhar dinheiro como artista, como cantora.

 

A primeira mulher a trabalhar profissionalmente com música foi Chiquinha Gonzaga, ainda no século XIX.

Ela foi pianista, arranjadora e compositora.

Escrevia músicas para teatro de revista, antecessor do rádio, que nada mais era do que encenações de fatos ocorridos no momento e encenados.

Escreveu “Ó Abre-Alas”, precursora de todas as marchinhas de Carnaval.

 

 

Curiosidades:

–       Lamartine Babo, compositor, criador de inúmeras marchinhas, tais como, “O teu cabelo não nega”, escreveu os hinos de todos os times participantes do Campeonato Carioca de Futebol do ano de 1949, patrocinado por um programa de rádio, tudo isso numa tarde! Ele, que era torcedor do América não se esqueceu dos outros times, como Vasco da Gama, Flamengo, Botafogo, Fluminense. Cada hino tem suas particularidades e não se assemelham. Vale a pena ouvir (e olha que não sou nada ligada em futebol, hein!) o Hino do Fluminense. Que música linda!

–          Carlos Alberto Ferreira Braga, ou simplesmente, Braguinha, ou ainda, João de Barro, famosos por suas marchas de Carnaval; Chiquita Bacana, Pirata da perna de pau, Touradas de Madri, Balancê, foi dos mais prolíficos compositores, mais de quatrocentos títulos, incluindo versões e letras para músicas infantis.

–        Os apelidos que usava tinham um motivo; sua família, de classe média alta, não via com bons olhos sua ligação com a música. Ele, que estudava arquitetura e gostava muito de pássaros, escolheu para si o nome deste pássaro-construtor, o joão de barro.

 

 

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Cozinheira Grã-fina de Sá Roriz, integra o show: A Época de Ouro da MPB no Rádio – uma visão feminina. Dia 26, sábado, 16h30.

24 de julho de 2014

Cozinheira grã-fina

Sá Roriz

COZINHEIRA- Faça o favor de me dizer

Se foi aqui que anunciaram

Precisar de uma empregada como eu, foi?

 

PATRÃO – Foi aqui mesmo que se anunciou

Precisar de cozinheira de forno e fogão

Que entenda de fato de seu metiê

E que saiba fazer com perfeição

 

COZINHEIRA- O que?

 

PATRÃO – Croquetes, empadas, cozido, ensopado, peru recheado, tutu de feijão. Que acorde bem cedo e durma no aluguel.

Que seja asseada e que seja fiel

Para evitar depois complicações

Eu quero saber já as suas condições

 

COZINHEIRA

As minhas condições agora eu vou dizer

Primeiramente aviso

Não quero saber

De lavar panelas, de varrer cozinha

Pois não sou uma qualquer e guardo certa linha

E louca por cinema

Sou de natureza

E gosto de um moreno

Que é um colosso

Adoto o sistema da semana inglesa

Aos sábados eu saio depois do almoço

Sou empregada sindicalizada

E quero ferias, quero os meus papéis

Não sou nada exigente: 300 mil réis

Vou querer de ordenado

Pago adiantado

PATRÃO

Não sei ainda como é que se chama

Será que a madama sabe fazer sala?

COZINHEIRA

Por decerto seu moço

Isso nem se fala

PATRÃO

Vai ver que a princesa também toca piano?

COZINHEIRA

E arranho o francês e o italiano

PATRÃO

Então eu lhe faço uma contraproposta

COZINHEIRA

Pois seja seu moço

Mas não estou disposta

A aceitar coisa que não satisfaça

PATRÃO

É mais negócio eu me casar consigo

E a senhora trabalha para mim

De graça!

 

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Cronistas da Cidade: Diálogo extraído de radionovela da Record (década de 40): Catarina e Zé Conversa, os dois blackouts da Record

24 de julho de 2014

 

Apresentador -Com vocês, Catarina e Zé Conversa, os dois blackouts da Record.

Catarina inventou que queria ser chique e mudar da Barra Funda.

De início Zé Conversa zombou da ideia achando que fosse apenas uma bravata da mulher.

Zé Conversa – Ai, meu Deus! Que farta de abuso! Tô fecano confuso co’essas  tuas atitudes. Tu nasceu foi pro fogão! Não queira ser branca, não. Tua cô num inludi.

 Catarina – Deixa de boquejo fúti. Vô passa creme na cuti e vô se muda daqui. Vô mora no Paiquembu e vô jogá meu bidu no barcão do Jequiti.

 Z.C. –Tu num sabe, meu blackout, que ansim tu me põe a knockout? Tu é nega! É nega mesmo! Come minduim de paçoca. Toma café cum pipoca. Come feijão cum torresmo!

 Catarina – Ih! Que eu já vô injoá! Quero cumê é caviá! Quero cumê omelete. Pega meu piti puá. Cumê patê de fuá. Pegá meu frango grisette!

 Koka – Quando Zé Conversa viu que o negócio era sério; Catarina já estava até usando sapato de crocodilo e vestido de cortina, ficou Branco só de pensar em perder a mulher e praticamente implorou que sua nega não o deixasse.

Os malandros também choram!

 Z.C. – O teu lugá é aqui! Num é lá no Jequiti. É no boteco da esquina! Ova minha voz que é franca. Só essas peste dessas branca é que presta pra sê grãfina. Tu não. Tua cô bacana num tem nada de ariana. Teu nego é um nego singelo.

Tu tem uma corzinha daqui. A cor que estragou com Otello.

Fica, nega, aqui comigo. Pra me acovocá o umbigo. Pra me dá teus beijo ameno. Se tu pensa em ir embora vou beber de hora em hora meio litro de veneno!

Catarina – Tua nega num tigiversa. Eu tô brincano, Zé Conversa! Isso é pra fora do bico. Aqui dentro do meu coração, tá dizendo uma oração: fico, fico, fico, fico…

 

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